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Cliente troca tiros com criminosos e impede ataque a posto de combustível na 22ª noite da onda de violência no Ceará

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Criminosos tentaram atacar um posto de combustível no Bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza, na noite desta quarta-feira (23), mas foram impedidos por um cliente que reagiu e trocou tiros com os bandidos. A onda de violência no Ceará chega ao 22º dia. Um dos suspeitos chegou a jogar gasolina no estabelecimento, mas não houve fogo. Também durante a noite, a polícia foi acionada para checar denúncias sobre uma suposta bomba em uma rua na capital.

Desde o dia 2 de janeiro, quando começaram as ações criminosas, ocorreram 240 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 50 dos 184 municípios cearenses. As ações começaram em Fortaleza e se espalharam para a Região Metropolitana e diversas cidades do interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará confirmou que 414 pessoas já foram detidas por envolvimento nas ações criminosas.

Para tentar conter os ataques, o governo estadual convocou 1.200 policiais militares da reserva para reforçar a segurança nas ruas. O Ministério da Justiça enviou agentes da Força Nacional e reforço da Polícia Rodoviária Federal para o estado. Policiais militares e agentes penitenciários de outros estados brasileiros também foram deslocados ao Ceará após o início dos crimes.

A tentativa de ataque ao posto de combustível em Fortaleza ocorreu por volta das 22h, quando seis homens chegaram ao local, segundo testemunhas. Eles portavam garrafas pet cheias de líquido inflamável e anunciaram um assalto. Um cliente que estava no estabelecimento disparou contra os suspeitos e iniciou uma troca de tiros, mas ninguém se feriu. Os criminosos chegaram a jogar as garrafas ao fugir, mas não as incendiaram.

Parte dos suspeitos correu e se escondeu em um terreno baldio das proximidades. Os demais criminosos conseguiram fugir em um carro que dava apoio à ação. Ninguém foi preso e não há relatos de pessoas feridas.

Suspeita de bomba

Também na noite de quarta (23), equipes da Polícia Militar, da Força Nacional e do esquadrão antibombas foram acionadas devido a uma suspeita de bomba localizada na Rodovia BR-166, no Bairro Pedras, em Fortaleza. O material estava em uma sacola deixada próxima a um poste de iluminação.

Após verificação dos agentes, foi constatado que não se tratava de um artefato explosivo. Não foram dadas, contudo, informações sobre o que estava dentro da sacola.

Entenda o que está acontecendo no Ceará

  • O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios. O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
  • Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior.
  • O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
  • A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
  • A onda de violência afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair.
  • 35 membros de facções criminosas foram transferidos do Ceará para presídios federais desde o início dos ataques, segundo o último balanço do Ministério da Justiça.
  • Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques.

Ordens partiram de presídios

Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas partiram de presidiários. As mensagens chegaram até as autoridades após a apreensão de 407 aparelhos de celulares nas unidades prisionais do estado, no dia 6 de janeiro.

Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques. Conforme a Secretaria da Administração Penitenciária, também foram recolhidas das unidades prisionais aparelhos de televisão e materiais ilícitos, como armas brancas e drogas.

Em uma mensagem, um detento ordena: "Uns toca fogo na prefeitura, uns toca fogo nas coisa lá dos policial, tá ligado?". O Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú, na Grande Fortaleza, foi um dos 49 prédios públicos atacados no Ceará. "Agora a bagunça vai começar é com força", diz outra mensagem de áudio. “Agora nós vamos parar os ônibus, vamos tocar fogo com vocês dentro”, ameaça um terceiro detento.

Em outro áudio, um detento diz que a sequência de crimes é uma tentativa de fazer com que o secretário da Administração Penitenciária desista de medidas que tornaram mais rigorosa a fiscalização no sistema penitenciário. "Vocês vão tirar esse secretário aí dos presídios. Vocês vão ver, vai piorar é pra vocês", ameaça um criminoso.

O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, confirmou que a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária provocou a onda de ataques criminosos. Segundo André Costa, "a criminalidade já conhecia o trabalho" do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.

 

Com informações do G1.